Resenha de Livro: A Linhagem - Camila Dornas

Título: A Linhagem

Título Original: -

Autor: Camila Dornas 

ISBN: 978-85-7679-868-2

Páginas: 336

Ano: 2013

Editora: Novo Século

Preço: 29,90

Avaliação:

Londres do século XVIII. A capital da Inglaterra era um dos mais importantes centros do mundo. Vestidos pomposos, elegância e boas maneiras. Um tempo onde as posses e a reputação regiam a sociedade. A igreja possuía poder absoluto e condenava aqueles os quais pesava a suspeita de bruxaria – a arte oculta temida e repudiada pelo senso comum. Nesse cenário intimidador, surge uma mulher especial, com dons inimagináveis. E um destino grandioso...

Um apanhado de uma época histórica de voltagem fantástica recheada de sensualidade

Em um período de pleno desenvolvimento dos autores nacionais, que cada vez mais lutam por um espaço maior nas prateleiras das livrarias e na estante dos leitores, eis que surge uma das armas que pode fazer com que esse objetivo desses autores seja alcançado, uma obra com uma história extremamente bem elaborada e desenvolvida capaz de fisgar um número grande de leitores.

Sou particularmente fã de histórias que se passam em tempos passados, assim como também sou fã de tramas que possuem toques de fantasia. Camila Dornas acabou por juntar esses dois modos de compor uma narrativa e assim nasceu A Linhagem, trazendo um misto de fantasia com a ignorância do ser humano durante uma época em que refletir um pouco mais sobre a vida poderia levar o indivíduo a guilhotina ou a fogueira. 

O livro nos traz a história de pessoas que possuem poderes especiais e que acabaram sendo denominadas de “bruxas” e “bruxos” ao longo do tempo. Como é sabido, durante a época medieval várias mulheres foram queimadas achando-se que eram bruxas que apenas trariam o mal para a sociedade, assim como homens que demonstravam ser dotados de uma inteligência superior foram condenados a serem queimados vivos por ter ideias que se opunham ao que era pregado pela igreja. É nesse universo perverso e sem dúvida injusto, que se ambienta a história e vive os personagens da trama. 

O livro é narrado em primeira pessoa por Evangeline Bennet, ou simplesmente, Eva. Não se trata de uma adolescente e sim de uma mulher já madura. Desde pequena Evangeline percebe que não é como as outras meninas que conhece, de vez em quando ela consegue usar magia podendo até controlar alguns elementos da natureza como a terra. Quando seu pai descobre seus poderes proíbe a garota de os usar, além é claro, de toda a sociedade da época não permitir que pessoas com poderes especiais usassem seus poderes e caso fossem pegas usando, o destino das mesmas seria a fogueira. 

O pai de Eva organizou contra a sua vontade um casamento forçado com Hector, membro da família real britânica. Ela o odeia com todas as suas forças já que Hector não passa de um interesseiro assim como o seu pai. Julian Bennett - o marquês de Winchelsea – é o pai de Eva e a trata desde pequena com muito desprezo. Ele sabe que sua filha possui poderes especiais e isso só torna a relação dos dois ainda pior. A mãe de Eva acabou morrendo a bastante tempo por conta de uma grave tuberculose. 

No dia da sua festa de noivado, Eva acaba conhecendo Henry Atlee recém contratado para trabalhar no estábulo da família. O que acaba por acontecer é uma paixão descontrolada de ambos os lados, Eva acaba sentindo algo muito grande por Henry com poucos minutos de conversa, e isso torna-se extremamente desgastante pra ela uma vez que seu pai jamais permitirá que sua filha tenha qualquer coisa com um simples serviçal, ainda mais com ela estando noiva. 

Ao longo da obra Eva acaba se deixando entregar a esse amor e acaba enfrentando diversos problemas por causa disso. Um atentado ao rei faz com que Eva se sinta na necessidade de investigar essa situação e acaba se envolvendo em uma conspiração que tem envolvidos bem próximos a ela. 

A narrativa do livro é bastante empolgante sem deixar que haja um único momento sem ação. Até os momentos românticos do livro são frenéticos já que muitas dessas cenas são bem quentes e de conteúdo mais erótico. Não sou fã desse tipo de voltagem porém, a medida que foi usada no livro não me incomodou, até gostei uma vez que o enfoque da obra não está nessa parte sensual, ela acaba servindo apenas como um aditivo na narrativa. 

Fiquei muito feliz com o modo que Camila Dornas escreve, a autora usa muito da descrição fazendo com que o leitor se sinta muitíssimo inserido na história. Não conseguia me sentir cansado durante a leitura, pelo contrário, a fome pelas letras em busca da chegada do final tomou conta de mim até o término da obra. 

Achei ótima a abordagem do livro e o modo como as coisas acabaram acontecendo. Em alguns momentos acabei um pouco desconectado do livro por não me identificar com alguns personagens, mas nada que atrapalhasse muito a leitura. A Linhagem tem tudo que se é necessário para dar-se uma boa classificação a um livro, não há razões para que se faça o contrário nem para que uma indicação não seja feita.